Oração infinita
Amontoados recantos de objetos repassados ao largo ou em curto momento parado na
lição do cosmo pré decifrado, panorâmico, pleno de incertezas. Respiro respinga
em mim, ou em nós, do olhar de brilho da misteriosa alfa, proxima centauri.
Sêmen de urano solto, além. Zeta. Constelações delineadas em desfile, galáxias
em códigos de espirais desenhados em revoluções constantes, Órion, nebula
vermelha ressurge rápida, de novo num pedaço de céu, é todo desejo, alvo da
flecha humana, iludida, na carne fraca, branca da lua, vagando na matéria
escura. Entrelinhas dos cilios e zumbidos constantes, surdos desejos dispersos,
cotidiano atado ao não dito além, mas preciso céu, em caos inquietante e sereno.
Calor de holofotes, vaidades indecorosas das maquiagens dos deuses, cosmogonias
geniais, planeta em estupor, mero detalhe que nos acolhe, um só sol e basta. Os
pontos da curva suave, silhueta do infinito, segundo que nada exala ou revela a
não ser ao olho, mas só mesmo quando quanta. Tudo é agora.